‘Rock in Rio – O Musical’ inaugura Cidade das Artes em janeiro

por Heloisa Aruth Sturm

Dez anos e mais de meio bilhão de reais depois, a Cidade das Artes finalmente será aberta ao público. A polêmica casa de concertos localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, será o palco de estreia do espetáculo Rock in Rio – O Musical, uma história de amor embalada ao som de 50 hits do festival.

A inauguração ocorre em sistema de soft opening, espécie de teste do prédio, onde a produção do musical ocupa o espaço e, em troca, implementa a logística necessária ao seu funcionamento.

“Nós precisávamos fazer uma abertura em que começássemos a entender o que está funcionando e o que ainda precisa de restauro e de substituição. Fazer o soft opening é praticamente obrigatório em qualquer casa desse porte no mundo inteiro”, diz Emilio Kalil, que deixou recentemente a secretaria municipal de cultura para presidir a Fundação Rioarte, futura gestora do espaço.

O espetáculo ocorrerá na Grande Sala, o maior dos espaços multiuso da Casa, e terá capacidade para 1,2 mil lugares. No palco, a história de um casal apaixonado é narrada ao som de grandes hits nacionais e internacionais, interpretados pelos 25 atores. Os artistas cantam em cena contando com a ajuda e a experiência de Lucinha Lins e Guilherme Leme, que vivem a mãe de Alef e o pai de Sofia, os jovens protagonistas.

“A ideia é pegar um pouco do espírito do Rock in Rio e transformar em uma história de ficção. É inspirada na realidade que permeia o festival e no poder da música de transformar o mundo”, diz o roteirista Rodrigo Nogueira. O set list da produção é bastante eclético. “Se o perfil do festival é trazer todos os tipos de música, o musical deveria ter esse perfil também”, conta o diretor João Fonseca. Roberto Medina, idealizador do festival que já teve doze edições (oito delas no exterior), tem planos de transpor o musical para o cinema. A peça estreia em 3 de janeiro e estará em cartaz no Rio até abril e deverá chegar a São Paulo em maio.

Com as obras concluídas em setembro, os testes acústicos e de equipamentos tiveram início em novembro, e devem continuar nos próximos três meses. As salas serão abertas gradativamente até março, quando ocorre a abertura oficial da Cidade das Artes. “Crises passadas deixaram a casa um pouco abandonada.” Kalil se refere à trajetória atribulada de sua construção, que custou cinco vezes mais que o planejado e levou à instalação de duas CPIs. A mais recente, de 2009, terminou com um relatório indicando 57 irregularidades.

O prédio projetado pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc, autor da Cité de la Musique (Paris), consumiu R$ 518 milhões da prefeitura e chegou a ser inaugurado cinco dias antes do término do mandato de César Maia, em dezembro de 2008, quando faltava a conclusão de 40% do projeto. Seu sucessor, o atual prefeito Eduardo Paes, suspendeu a execução dos contratos e pagamentos, e contratou uma equipe para fazer uma auditoria. As obras só foram retomadas dez meses depois.

IAC inaugura nova sede no Centro Belas Artes de SP

No primeiro andar do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana, o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) faz agora sua nova morada. Em julho, a instituição, dedicada, principalmente, à documentação e a ser um centro de referência das obras dos artistas Sergio Camargo, Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel, foi despejada do Prédio Joaquim Nabuco da Rua Maria Antonia, pertencente à Universidade de São Paulo. O encerramento do convênio da instituição com a USP levou o IAC a um desgaste que, por ficar sem uma sede, estava inapto a dar continuidade às suas atividades e captar recursos para as mostras que promove. A instituição, depois de meses de suspensão, marca a inauguração de sua nova casa no próximo dia 23, com a abertura da exposição “Brasil: Figuração x Abstração. Final dos Anos 40”, concebida pela curadora Glória Ferreira.

O IAC se mudou oficialmente para o Centro Universitário Belas Artes em 21 de julho, depois de um convênio de cinco anos, renováveis, assinado pelas duas instituições no dia 15 de julho. “Aqui têm cinco mil estudantes e as pesquisas e documentações são nossa maior riqueza”, diz a marchande Raquel Arnaud, fundadora e presidente de honra do Instituto de Arte Contemporânea, concebido por ela em 1997 como entidade sem fins lucrativos.

Foi um “baque” o encerramento da parceria entre o IAC e a USP. “Nossos parceiros (patrocinadores), que não nos abandonaram, mas que estão à distância, aguardam essa retomada das atividades e as instalações aqui vão fazer que voltem a nos apoiar”, afirma Roberto Bertani, ex-diretor da instituição e agora integrante de seu conselho consultivo. O Plano Anual do instituto, de R$ 1,2 milhão para a realização de três exposições, dois livros e site, foi aprovado pelas Leis de Incentivo, mas não foi colocado em atividade e nem captado desde 2010 por causa da falta de um espaço oficial do IAC.

Despejo – O primeiro convênio entre o IAC e a USP foi formalizado em 2001 e, desde então, o Prédio Joaquim Nabuco, que integra o Centro Universitário Maria Antonia, havia se tornado a sede do instituto. Entretanto, em novembro de 2010, a atual reitoria da USP comunicou oficialmente ao IAC que não renovaria o contrato de cessão de seu edifício alegando que pretendia usar o imóvel para outras atividades a serem promovidas pela pró-reitora de Cultura e Extensão da universidade. O instituto teria até janeiro deste ano para se retirar do prédio localizado na Rua Maria Antonia. “A USP tinha o direito de renovar ou não o convênio, mas o IAC foi se proteger, ver seus direitos, um processo que levou até julho deste ano”, diz Bertani. No caso, o conselheiro se refere ao fato de que o IAC promoveu a reforma, durante cinco anos, de uma grande área do imóvel com R$ 4,5 milhões captados. O instituto “perdeu” a batalha e ficou tudo “elas por elas”, diz Raquel, com o “despejo irrevogável”.

Devido a essa situação, instituições interessadas em abrigar o IAC fizeram ofertas de espaços, como o Centro Universitário Belas Artes, a Secretaria de Estado da Cultura (com seu imóvel ao lado do shopping Pátio Higienópolis), a Pinacoteca do Estado e a PUC – esta última, com uma negociação quase concretizada, mas encerrada por divergências internas na diretoria e conselho do instituto, o que levou à renúncia de seu ex-presidente, Pedro Mastrobuono. O IAC, presidido desde 24 de maio por Luiz Müssnich, optou pela proposta do Belas Artes.

O Centro Universitário na Vila Mariana ofereceu o primeiro andar de seu prédio, que abriga duas salas, uma para administração e outra para pesquisa e biblioteca. Mais ainda, há no local um espaço de 150 m² a ser dedicado para exposições e para a reserva técnica do acervo do IAC, formado por 14 mil documentos (fotos, cartas, textos e fichas de obras de Sergio Camargo, Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel) e por obras de pequenos formatos. Além de promover a manutenção desses espaços, o Centro Belas Artes também cede a área de seu Museu de Belas Artes (muBA) para mostras do instituto.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Renovado, Teatro Bolshoi reabre em outubro

por France Presse, em Moscou

O célebre teatro russo Bolshoi, que teve o corpo de baile obrigado a se apresentar fora de sua sala desde 2005, devido a gigantescos trabalhos de reforma, vai reabrir as portas no dia 28 de outubro, informou o diretor da instituição, Anatoli Iksanov.

“Abriremos a nova temporada com um concerto, a ser transmitido ao vivo num telão instalado na praça em frente e dirigido a 600 salas na Europa”, declarou Iksanov, durante entrevista à imprensa, em Moscou.

A ópera de Mikhaïl Ivanovich Glinka, “Ruslan and Ludmila”, dirigida por Dmitri Tcherniakov, conhecido pela modernização das apresentações, será o primeiro grande espetáculo do Bolshoi, com estreia no dia 2 de novembro.

O drama Ruslan and Ludmila é baseado num poema do escritor Alexander Pushkin, publicado em 1820 e considerado um verdadeiro contos de fadas épico, consistindo em seis “cantos” e no epílogo. Conta a história do sequestro de Ludmila, a filha do Príncipe Vladimir de Kiev por um feiticeiro malvado e seu resgate pelo bravo cavaleiro Ruslan.

Será seguido, no dia 18 de novembro, do famoso balé de Piotr Tchaïkovski “A Bela Adormecida”, com cenário de Iuri Grigorovitch.

Estão, também, no programa, um concerto da orquestra do teatro La Scala de Milão dirigido pelo maestro Daniel Barenboïm, e outras apresentações de balé.

Construído em Moscou, em 1820, o Bolshoi foi gravemente destruído por um incêndio, tendo sido inteiramente reconstruído em 1856.

Em 2005, foi fechado para reformas, com trabalhos visando, em particular, restabelecer a acústica inicial do prédio, deteriorada pela construção do metrô nos anos 1930, que encheu de cimento o subsolo da grande sala.

“O cimento foi retirado e substituído por madeira. A acústica de 1856 foi restabelecida”, informou Iksanov.

A reabertura do Bolshoi, prevista inicialmente para setembro de 2008, foi adiada muitas vezes.

As obras de renovação, com custo oficial estimado em 580 milhões de euros foram acompanhadas de denúncias de escândalo imobiliário e de desvio de dinheiro. A empresa privada encarregada dos trabalhos foi substituída em 2009, depois que suas despesas ultrapassaram em 16 vezes o orçamento inicial.

Fonte: Folha de S. Paulo

Nos bastidores do novo Teatro Municipal

por Adriana Del Ré

A 20 metros do chão, andando por estruturas suspensas nas coxias do Teatro Municipal de São Paulo, no Centro, o chefe de palco e cenotécnico paulistano Anibal Marques, o Pelé, 52 anos, parou por alguns instantes e apreciou o que via. Acostumado a trabalhar nas alturas, parecia reconfortado, como se sua casa finalmente estivesse sendo colocada em ordem, após três anos de reformas e restaurações. Esse momento só não foi de total silêncio porque operários próximos dali não davam descanso, correndo contra o tempo para a reabertura do teatro, amanhã e sábado – para convidados – e domingo – para o público (bilheteria: 3397-0327), com apresentações da Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Lírico, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo e solistas, sob a regência do maestro Abel Rocha.

Pelé é uma das mais de 100 pessoas que trabalharam na reforma do Teatro Municipal, que reabre suas portas no ano em que completa seu centenário. Esse exército de operários, arquitetos, eletricistas, maquinistas, engenheiros, decoradores e tantos outros profissionais é o responsável pela nova e moderna cara do Municipal, que une a tradição do passado à tecnologia do presente (leia reportagem nas páginas 4 e 5). Filho de um maquinista do teatro, Pelé começou a acompanhar o pai quando tinha 5 anos. Aos poucos, deu-se conta de que a lida de maquinista – montar e movimentar cenários – era fundamental para um espetáculo. De acompanhante do pai, ele passou a pisar no teatro como maquinista a partir de 1978. Aprendeu a gostar de ópera. Sua preferida é Falstaff, de Giuseppe Verdi (1813-1901).

O Municipal também já lhe proporcionou visões sobrenaturais. “Estava montando um espetáculo numa madrugada, quando vi um vulto alto, com um chapéu, na plateia. Desci, mas não havia ninguém”. E testemunhou mudanças. Pelé já era funcionário quando o teatro passou por sua segunda reforma, entre 1985 e 1988. “Foram obras de remanejamento. Agora é outra coisa. Vai ser tudo novo”, diz, referindo-se à área em que atua há 33 anos: o palco e seus bastidores.

Com bem menos intimidade com o Municipal do que Pelé – mas com a mesma dedicação –, outra figura que se empenhou nas obras de reforma do teatro é o pernambucano João Ventura da Silva, 58. Integrante da equipe da Telem, empresa responsável por toda a renovação do palco do Municipal, ele está há dois meses incumbido da manutenção geral do espaço. Isso inclui parte mecânica, iluminação e montagem. Seu João não é estreante no assunto. Ele acumula passagens por outros teatros, como o de Paulínia e o Municipal do Rio do Janeiro. “Nunca havia entrado aqui. Tinha curiosidade de conhecer”, diz.

Concerto especial. Existe um ato recorrente e quase automático para quem anda por essas dependências: o de mirar para o alto em busca das belezas do teatro. E João não escapou. “É uma coisa linda. Amanhã, meus filhos vão chegar e dizer: ‘Meu pai trabalhou aqui’”, fala, orgulhoso. Seu João sempre quis assistir a um espetáculo no Municipal, mas nunca teve oportunidade, numa rotina marcada por muito trabalho pelos teatros de São Paulo, onde vive desde os 19 anos, e por outras cidades. Isso deve mudar hoje, quando haverá um concerto especial só para funcionários do lugar, operários das obras, artistas e seus familiares.

João da Silva é um dos soldados anônimos do batalhão de mais de 100 operários envolvidos na reforma. Só da Telem, que entrou no projeto há dez meses (após duas malsucedidas licitações), foram destacadas 50 pessoas para trabalhar diretamente nas obras do palco. “Temos de respeitar o patrimônio. Fazer uma reforma é sempre mais difícil do que se tivéssemos de construir um prédio novo”, observou o engenheiro Fernando Fontes, um dos diretores da empresa. No caso, um prédio tombado e, além de tudo, ocupado por funcionários, que continuaram instalados em suas respectivas salas mesmo durante a reforma. “É preciso ficar se ajustando. Se tem de trocar o transformador, tem de cortar a luz das pessoas que estão trabalhando. Tudo isso é muito bem programado”.

Na reta final para a reinauguração – e com alguns ajustes pendentes –, foi necessário manter a equipe em esquema de força-tarefa. Enquanto as arquitetas Rafaela Bernardes, do Departamento do Patrimônio Histórico, e Lilian Jaha, do Teatro Municipal, mostravam o novo espaço à imprensa, operários foram alertados para terem o máximo de cuidado. “Agora que está tudo pronto, tem de ter atenção dobrada para a gente não precisar refazer nada”, comentou Rafaela.

Fonte: Jornal da Tarde

Theatro Municipal restaurado deve reabrir em junho

por Morris Kachani
Agora é oficial. Depois de sucessivos adiamentos, o Theatro Municipal será reaberto no mês de junho.

As autoridades respiram aliviadas, pois o grande temor era de que não conseguissem abrir suas portas antes da data de seu centenário, em setembro.

Foram quase três anos de obras e um investimento de R$ 26,2 milhões. Praticamente um terço da verba foi consumida com restauros, como pisos, poltronas, vitrais e fachada (veja abaixo).

O restante foi gasto com equipamentos importados e modernização técnica da área do palco. Os novos mecanismos possibilitam a utilização de cenários mais pesados e a troca deles mais rápida do que anteriormente.

O grande desafio agora cabe à direção artística, atualmente com o maestro Abel Rocha à frente, de montar uma programação à altura.

Nos últimos três anos, esse posto trocou de mãos três vezes, o que gerou instabilidade e falta de planejamento.

A programação de 2012, por exemplo, que normalmente é decidida com dois anos de antecedência, ainda está indefinida.

Para este ano, por enquanto, estão confirmadas apresentações do balé Kirov, da Rússia, e uma ópera encenada pelo diretor Felipe Hirsch.

“O Municipal restaurado representa um novo marco para o centro da cidade”, comemora o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil. “Estávamos defasados tecnicamente, em condições muito inferiores ao teatro Alfa, por exemplo. Esta é uma reforma mais cuidadosa que as anteriores”, compara.

Ele atribui o atraso nas obras a duas licitações de equipamentos para o palco que não foram aceitas e que comprometeram o cronograma. Mas a entrega do teatro não significa que os problemas acabaram.

O espaço foi concebido como uma casa de espetáculos. Não tem infraestrutura de apoio para todos os corpos artísticos que acumulou ao longo destes cem anos –são duas orquestras, dois coros, duas escolas e um quarteto, além do balé municipal.

Calil espera resolver o problema com a construção de um anexo que abrigará os corpos artísticos e salas de ensaio, a chamada Praça das Artes. Orçada em R$ 120 milhões, a obra está em andamento, com previsão de entrega no ano que vem.

Há, no entanto, um outro gargalo que escapa do alcance do secretário. É a questão do acesso do público. Não há estacionamentos projetados nas obras. E as vagas na região são escassas.

Outro cavalo de batalha é a transformação do Theatro Municipal em fundação. Uma mudança de estatuto que livraria a administração dos grilhões burocráticos de uma gestão pública soterrada por camadas de leis.

“A situação administrativa do Municipal é mais complexa do que na TV Cultura”, comenta. Segundo Calil, a lei já foi aprovada e deve ser sancionada pelo prefeito até o final deste mês.

Veja como deve ficar o Theatro Municipal:

Fonte: Folha de S. Paulo

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